Em meados de 1926, com
uma extensão urbana considerável de 2.100 quilômetros quadrados, produzindo a
vultuosa quantia de um milhão de arroubas de café, bem como, uma população
estimável de 40 mil habitantes, Mococa destacava-se entre os municípios mais formidáveis
e fecundos do Estado de São Paulo. A iluminação pública esplendorosa deixando
todas as vias públicas acesas, assim como a distribuição de energia pelas
residências com maior poder aquisitivo, é de responsabilidade de uma empresa do
grupo familiar local denominada de Companhia Luz e Força de Mococa, a água e
esgoto também abasteciam boa parte do município, de propriedade da Câmara
Municipal.
A educação dos munícipes
com maior ascendência social era garantida pelo antigo Colégio Nossa Senhora de
Nazareth que passou a denominar-se Colégio Maria Imaculada, que por sua vez
recebiam somente meninas em regime de internato e externato, mantido pelas irmãs
concepcionistas. Os cidadãos mais abastados tinham como opção estudarem na
Escola de Comércio, e no Grupo Escolar que conservava neste respectivo ano 24
classes em funcionamento.
Contávamos com alguns
empreendimentos sejam eles de cunho da aristocracia rural (burguesia rural) que
investia seus capitais em outras atividades, sejam dos imigrantes (burguesia
imigrante), que vinham com algum capital proveniente do seu país de origem,
como no nosso caso a maioria da Itália. O setor industrial bem diversificado
ramificava-se por diversos seguimentos tais como: fábrica de macarrão, chapéus,
calçados, artefatos de couro, gelo, curtumes, fundição de ferro e bronze, e
maquinas para a lavoura, produzidas pela moderna fábrica de fundição J Nicola
& Irmãos, fábrica de manteiga e requeijão, de tijolos e telhas, de farinha
de mandioca e etc.
O comércio bem
diversificado na sua maioria com telefones próprios, com hotéis como o Hotel
Terraço, e varias agencias de fábricas, outro destaque de maior proeminência
para o período era a unidade de uma casa bancária fundada e com sua matriz no
município, trata-se do Banco F. Barretto de propriedade do fazendeiro e
empresário Francisco Muniz Barretto, que representava um considerável fluxo
bancário entre eles dezenas de outras casas bancárias, tais como: Banco do
Brasil, Banco Germânico da América do Sul, Banco Nacional da Cidade de New
York, Banco Real do Canadá, outra casa bancária genuinamente da cidade era o
Banco de Mococa fundado em 1925 e presidido por José Quintino Pereira, com
capital financeiro argentino. Na área de saúde e assistência social, Mococa
estava bem munida, com uma Santa Casa de Misericórdia e Asilo de Mendicância,
gabinetes dentários e cerca de dezesseis farmácias, sempre com uma de plantão
aos finais de semana. O município também era mantido por 150 modernas fazendas
pertencentes à burguesia rural.
A cultura também era
prospera, com dois grandes teatros, O luxuoso São Sebastião, bem como O Teatro
Central, ambos de propriedade privada. A cidade mantinha um extenso conjunto
arquitetônico de relevância nacional devido seu valor artístico, tal como dois
templos religiosos monumentais, assim como, os casarios a seu redor, ambos
construídos com o ouro verde, mais conhecido como café grande propulsor
econômico desta municipalidade e ascensão, acomodávamos, um clube social e um
clube de futebol de magnitude regional.
O que se pode observar
por este lacônico relato é a magnitude de uma cidade florescente, em franco
desenvolvimento econômico com propensões futuras. Porém por inúmeros motivos
colhemos outras conseqüências que não caberiam ser enumeradas neste apanhado de
1926, mas por todo um longo e doloroso percurso de conchavos políticos e
econômicos, de relevância municipal regional, nacional ou internacional, que transformaram
numa cidade decadente e sem identidade no final do século XX, muito diferente
da charmosa Mococa da década de 1920.
Renato Granito
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